Um projecto singular
«Mais CDU significará mais força aos que não aceitam o rumo de desastre nacional» a que PS, PSD e CDS têm conduzido o País, afirmou Jerónimo de Sousa no acto público da CDU, realizado anteontem.
O reforço da CDU dá mais força à defesa dos serviços públicos
A Comissão Coordenadora da CDU apresentou a sua declaração para as eleições autárquicas deste ano num acto público realizado em Lisboa em que participaram dirigentes das três componentes da coligação (PCP, PEV e ID), representados respectivamente por Jerónimo de Sousa, Heloísa Apolónia e João Corregedor da Fonseca. Esteve também presente Deolinda Machado, dirigente sindical e activista católica.
Na declaração, a Coligação Democrática Unitária salienta que «nunca como hoje a defesa do Poder Local democrático, com o que ele representa de expressão das aspirações populares, de melhoria das condições de vida e de factor indispensável ao desenvolvimento e progresso locais, esteve tão associado à inadiável ruptura com a política de direita, à rejeição do pacto de agressão, à concretização de uma outra política». A ofensiva dirigida contra o Poder Local, acrescenta-se no texto, «tem encontrado nas forças que integram a CDU o mais coerente e determinado elemento de denúncia, combate e resistência».
Na sua intervenção, o Secretário-geral do PCP salientou que «temos muita luta por fazer, muito caminho por percorrer, muitas batalhas por travar até Outubro», o que, garantiu, não retira importância a estas eleições. Pelo contrário, mais votos e mais eleitos da CDU representarão «mais capacidade de resolução dos problemas locais» e o reforço da luta em defesa dos serviços públicos, do acesso à saúde e à educação.
Jerónimo de Sousa salientou ainda que, face ao retrocesso imposto pela política de direita ao longo dos anos, CDU emerge como a «força de Abril, a força desse Poder Local expressão viva de progresso, de participação popular e de uma democracia plena»
Por uma verdadeira ruptura
O PCP reagiu, anteontem, através de uma nota do seu Gabinete de Imprensa, à proposta endereçada pelo PS relativa a eventuais coligações para as eleições autárquicas. Eis o teor da reacção do PCP:
«A forma e os termos de uma proposta de que se tomou conhecimento pela comunicação social, revela a natureza de uma iniciativa sustentada não em critérios de seriedade mas sim movida por meros propósitos de propaganda.
«O que está no centro das preocupações dos trabalhadores e do povo não são nem as autárquicas do próximo Outono (sem prejuízo da sua importância), nem as ambições de poder do PS. O que o povo português exige com carácter de urgência é a interrupção da acção do Governo e a rejeição do chamado memorando de entendimento.
«O PCP tem reiteradamente sublinhado a sua disposição para examinar com as forças, sectores e personalidades democráticas a construção de uma política alternativa que rompa com o actual rumo de desastre a que décadas de política de direita têm conduzido Portugal.
«Ainda que conhecendo o comprometimento do PS com os eixos essenciais da actual política, a sua intenção de manter vivo um Governo politicamente moribundo por mero cálculo partidário e o reiterado compromisso do PS para com o pacto de agressão que está a afundar o país e a arruinar a vida de milhões de portugueses, o PCP está inteiramente disponível para debater e confrontar o PS com aquilo que são os eixos essenciais de uma política que corresponda a uma verdadeira ruptura com a política de direita, e a libertação do País do programa de submissão e exploração subscrito com a UE e o FMI.»