Militares protestam na Grécia

A resistência é um dever

Cerca de dois mil mi­li­tares, se­gundo nú­mero da po­lícia, na sua mai­oria na re­serva, pro­tes­taram, dia 9, frente ao par­la­mento grego contra os novos cortes dos sa­lá­rios e pen­sões.

De acordo com a no­tícia da Reu­teurs, os sa­lá­rios e pen­sões dos ve­te­ranos foram re­du­zidos em 50 por cento entre 2010 e 2012. Em Fe­ve­reiro, o Par­la­mento aprovou novos cortes nas re­mu­ne­ra­ções que as­cendem a 70 mi­lhões de euros este ano e mais 88,2 mi­lhões em 2014.

In­ter­vindo no local, o te­nente ge­neral Kons­tan­tinos Ia­tridis, pre­si­dente da As­so­ci­ação dos Ve­te­ranos da Avi­ação, con­si­derou que «quando se le­ga­liza a in­jus­tiça, a re­sis­tência é um dever».

Mas para além das ques­tões pe­cu­niá­rias, muitos ma­ni­fes­tantes di­ri­giram os seus pro­testos conta a ce­dência de so­be­rania à troika. «O pro­blema não é só o em­po­bre­ci­mento dos mi­li­tares, há também uma série de as­suntos vi­tais para a exis­tência da nação em re­lação aos quais temos de fazer al­guma coisa», de­clarou o ca­pitão, Anas­ta­sios Mant­zaris, que se ma­ni­festou em uni­forme, de­sa­fi­ando a proi­bição de­cre­tada pelo novo chefe das Forças Ar­madas, Mi­jalis Kos­ta­rakos.

«O moral das forças ar­madas é muito baixo, o go­verno cede so­be­rania na­ci­onal à troika, está a vender parte do solo na­ci­onal a es­tran­geiros, e ou­tras coisas que ig­no­ramos».

No pro­testo, ma­ni­fes­taram-se também ten­dên­cias re­van­chistas de ex­trema-di­reita, como foi o caso do te­nente do exér­cito, Kons­tan­tinos Po­ni­rakos, que com­pa­receu igual­mente de uni­forme para brandir uma ameaça ao re­gime de­mo­crá­tico. Se­gundo afirmou, «nós, mi­li­tares, temos sido for­çados à mar­gi­na­li­zação du­rante 40 anos. Isso deve mudar», disse numa alusão clara ao 39 anos do re­gime de­mo­crá­tico ins­tau­rado após o der­ru­ba­mento da di­ta­dura mi­litar que go­vernou entre 1967 e 1974.

No mesmo dia, o pri­meiro-mi­nistro da Grécia, An­tonis Sa­maras, pro­curou ali­viar a tensão so­cial, pro­me­tendo que não serão im­postos novos sa­cri­fí­cios ao povo. Num dis­curso trans­mi­tido pela te­le­visão, o go­ver­nante ga­rantiu que «não ha­verá mais me­didas de aus­te­ri­dade (…) E assim que prin­ci­piar o cres­ci­mento, vão co­meçar len­ta­mente as me­didas de alívio».

Mas res­salvou que a eco­nomia grega «saiu dos cui­dados in­ten­sivos, mas ainda não saiu do hos­pital».



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