Um candidato à medida da direita fascista

Pedro Campos

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Henrique Capriles Radonski é o candidato da oposição.

A família é proprietária de um império mediático, industrial, imobiliário e de um dos principais circuitos de salas de cinema do país. Iniciou-se em política em 1998 – diz-se que a família lhe comprou o lugar de deputado – pela mão do partido democrata-cristão com o qual romperia pouco depois porque aquela tinha sido «uma relação muito conjuntural (...) através de uma relação com o meu primo direito». Estalou igualmente o verniz da sua ligação ao partido social-democrata, o que levou Ixora Rojas, sua colega de parlamento, a escreve-lhe numa carta: «O senhor é a expressão pura do pior que fizemos na IV República: (...) privilegiar o poder económico sobre a trajectória humana (...) levar ao poder nulidades vaidosas e pensar que com montes de dinheiro se podia comprar tudo...».

Profundamente antinacional, já avisou que não duvidaria em privatizar «um pedaço» da companhia petrolífera hoje finalmente ao serviço das grandes maiorias.

 

Um mau aprendiz de Pinochet

 

O golpe de Estado contra Hugo Chávez revelou claramente o seu perfil fascista.

Durante as 48 horas que esteve no poder superou o comportamento criminoso de Pinochet. Hoje trata de dar o feito por não feito, mas há muitas imagens que o condenam. Na manhã do 12 de Abril, Salvador Romani, líder anticubano ligado à CIA, ligou para a embaixada de Cuba em Caracas para anunciar que a ia tomar pela força. Pouco depois perto de mil antichavistas endoidecidos pelo ódio rodeiam a sede diplomática em atitude sumamente agressiva sabendo que lá dentro, para além dos respectivos funcionários, estão as suas famílias, incluindo crianças. Os sitiantes cortam a água e a luz. «Vão ter de comer as alcatifas», berra um dos aberrados.

Nesta época Capriles Radonski é presidente da Câmara Municipal da zona onde funciona a embaixada e por essa razão, logo de manhã cedo, Sánchez Otero, o embaixador, faz-lhe uma chamada telefónica para denunciar a situação de assalto. O presidente não está e nunca devolverá nenhuma chamada. A única acção é enviar dois polícias para «proteger» a embaixada de mil assaltantes em paroxismo anticomunista. Por volta das três da tarde, os assaltantes, com a «justificação» de que Diosdado Cabello, vice-presidente, está asilado ali, lançam um ultimato: ou abrem as portas dentro de uma hora ou eles tomam a embaixada pela força. Entretanto, com as câmara dos canais de televisão golpista a cobrir os acontecimentos, vão destruindo carros diplomáticos e lançando insultos cada vez mais enraivecidos e perigosos. Perto das cinco da tarde, o agora candidato presidencial da direita apresenta-se na embaixada para um «diálogo». A embaixada não abre a porta mas facilita um escadote para que Capriles Radonski, como qualquer delinquente, possa escalar o muro e entrar. Com modos mais civilizados, no papel de polícia bom, diz querer inspeccionar as instalações para confirmar que Diosdado Cabello não está asilado. Recebe a única resposta possível: que a embaixada é território cubano e não pode ser violado (Art.º 22 da Convenção de Viena) e que aquele «pedaço de terra» será defendido com a vida dos sitiados. Perante esta atitude firme e digna, tem de abandonar o local, salta o muro outra vez, e em lugar de amansar os assaltantes limita-se a dizer: «Não pude inspeccionar a embaixada e não posso garantir nem negar que se encontre alguém lá dentro...». Ou seja, não quis aquietar aquela banda de meliantes... Por certo, na embaixada não havia nenhum asilado!

Esta pretensão de vasculhar a embaixada de Cuba nem sequer o pretendeu Pinochet quando soube que havia refugiados lá dentro.

Em Março de 2004 o fiscal Danilo Anderson emite uma ordem de captura contra Capriles Radonski por violação das leis internacionais. Anderson é assassinado num acto bombista em Novembro do mesmo ano. Um mês depois, o arguido é absolvido.

Estes dias de Abril trazem ainda outras lembranças a este atabalhoado aprendiz de fascista. Em companhia de Leopoldo López, presidente de outro município oposicionista, protegido pela polícia regional (fora da sua jurisdição), sem mandato de captura e à frente por uma turba doente de ódio cercou a residência de Rodríguez Chacín, ministro do Interior. Obrigado a entregar-se para evitar que lhe arrombem a porta da casa, Chacín é vilipendiado e agredido pela multidão antes de ser metido num carro da polícia.

Bom candidato para a direita fascista.



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