Nota do PCP sobre o Egipto

Respeito pela vontade popular

«O PCP ex­pressa a sua so­li­da­ri­e­dade aos tra­ba­lha­dores e ao povo do Egipto em luta pelos seus di­reitos so­ciais e la­bo­rais, pela jus­tiça so­cial, a de­mo­cracia e a li­ber­dade. Con­dena ve­e­men­te­mente a re­pressão que, às or­dens do go­verno de Hosni Mu­barak, foi e con­tinua a ser di­rec­ci­o­nada contra os tra­ba­lha­dores e o povo em luta e presta a sua ho­me­nagem aos cerca de 100 ci­da­dãos egíp­cios mortos pela vi­o­lência de Es­tado.

A exemplo da Tu­nísia e de vá­rios ou­tros países do Mundo Árabe e do con­ti­nente afri­cano, a si­tu­ação no Egipto é in­dis­so­ciável do apro­fun­da­mento da crise do ca­pi­ta­lismo e da vi­o­lenta ofen­siva anti-so­cial que a ca­rac­te­riza, no­me­a­da­mente com o cres­ci­mento ex­po­nen­cial do de­sem­prego que afecta a ju­ven­tude, nos cha­mados “países em de­sen­vol­vi­mento” e de forma muito es­pe­cial, bem como com o au­mento ex­po­nen­cial dos preços dos bens ali­men­tares.

«Os re­centes acon­te­ci­mentos no Egipto e a ampla mo­bi­li­zação po­pular que os ca­rac­te­riza não são também se­pa­rá­veis da co­ragem, per­sis­tência e de­ter­mi­nação de or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas dos tra­ba­lha­dores e de ou­tras forças po­pu­lares e pro­gres­sistas – entre as quais o Par­tido Co­mu­nista do Egipto - que há muitos anos, com des­taque para os úl­timos cinco, e em con­di­ções muito di­fí­ceis, de­sen­volvem im­por­tantes pro­cessos de luta – no­me­a­da­mente im­por­tantes mo­vi­mentos gre­vistas dos tra­ba­lha­dores – e des­ta­cados es­forços na re­cons­trução do mo­vi­mento ope­rário en­fra­que­cido por su­ces­sivos ci­clos de re­pressão e per­se­guição po­lí­tica.

«Ex­pres­sando a sua so­li­da­ri­e­dade aos tra­ba­lha­dores e ao povo do Egipto que lutam contra a opressão de um re­gime que foi ao longo das ul­timas dé­cadas uma das peças cen­trais do do­mínio im­pe­ri­a­lista no Médio Ori­ente e Norte de África, o PCP alerta si­mul­ta­ne­a­mente para os reais pe­rigos de ins­tru­men­ta­li­zação do mo­vi­mento po­pular e de ma­no­bras e pro­vo­ca­ções, que por vá­rias vias (no­me­a­da­mente a da in­ge­rência e ma­ni­pu­lação ex­ternas) des­viem as aten­ções do es­sen­cial – a questão do poder po­lí­tico e eco­nó­mico, da de­mo­cracia e do en­feu­da­mento ao im­pe­ri­a­lismo – ten­tando assim “do­mes­ticar” o mo­vi­mento po­pular e operar “mu­danças” cos­mé­ticas dentro de um mesmo sis­tema de poder que con­tinue a servir os in­te­resses do grande ca­pital e do im­pe­ri­a­lismo.

«O PCP con­dena a hi­pó­crita po­sição da ad­mi­nis­tração norte-ame­ri­cana e da União Eu­ro­peia face à re­volta po­pular no Egipto e em par­ti­cular à brutal re­pressão de que é alvo. Uma po­sição que, à se­me­lhança da adop­tada re­la­ti­va­mente à Tu­nísia, é de­mons­tra­tiva do ca­rácter ins­tru­mental das di­ta­duras da re­gião, apoi­adas pelas prin­ci­pais po­tên­cias im­pe­ri­a­listas e pela In­ter­na­ci­onal So­ci­a­lista, e é cla­ri­fi­ca­dora quanto às reais in­ten­ções do im­pe­ri­a­lismo: manter a es­tru­tura e ca­deia de poder eco­nó­mico e po­lí­tico, na re­gião, que me­lhor sirva os seus in­te­resses eco­nó­micos e ge­o­po­lí­ticos, mesmo que para tal seja ne­ces­sário fazer sair de cena os ac­tuais pro­ta­go­nistas e pro­mover “lí­deres” e forças po­lí­ticas que ga­rantam uma “tran­sição or­deira” que, nas pa­la­vras da se­cre­tária de Es­tado norte-ame­ri­cana, ga­ranta que “nin­guém pre­encha o vazio”».



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