Congresso
da Oposição Democrática
evocado em Aveiro
Centenas de democratas, de diversos quadrantes políticos, afluíram no passado sábado a Aveiro, para aí participarem no conjunto de actos comemorativos do 25º aniversário do 3º Congresso da Oposição Democrática que ficaram marcados pela emoção do reencontro de muitos intervenientes naquela grande jornada da luta antifascista.
As celebrações abrangeram designadamente uma romagem às campas de democratas aveirenses falecidos, a realização de um jantar de confraternização que foi antecedido de uma sessão solene, com a presença e intervenção do Presidente da República que entregou a Ordem da Liberdade à cidade de Aveiro, e onde José Manuel Tengarrinha apresentou uma desenvolvida comunicação sobre a história e diferentes características dos três Congressos de Aveiro em articulação com a correspondente evolução social e política do país.
Entre os participantes nestes actos evocativos, contavam-se numerosos militantes comunistas de diversas regiões do país e com papel destacado no 3º Congresso de Aveiro, e a direcção PCP esteve representada na sessão solene por Vítor Dias, Francisco Lopes e Sérgio Teixeira, membros da Comissão Política.
No jantar de confraternização, que era o único ponto do programa em que estavam previstas intervenções correspondentes à pluralidade de correntes políticas que contribuíram para o 3º Congresso de Aveiro, foram lidas cartas de Carlos Carvalhas e Álvaro Cunhal à comissão promotora, saudando aquela jornada de evocação e valorizando o significado do 3º Congresso da Oposição Democrática.
No jantaram, além de Carlos Candal, da Comissão promotora, usaram da palavra Beatriz Cal Brandão, o general Vasco Lourenço, Coelho dos Santos, Maria Barroso e Vítor Dias.
Na sua breve intervenção, Vítor Dias começou por saudar os participantes no jantar e por evocar a figura do Prof. Pereira de Moura, falecido naquele dia, sublinhando a «seriedade e serena determinação» daquele democrata que, «sem hesitações nem interrupções, nos acompanhou, no movimento da oposição democrática e designadamente na CDE de Lisboa, desde 1969 até ao 25 de Abril, sem esquecer a sua dedicada contribuição posterior para o processo da revolução de Abril».
O dirigente do PCP afirmaria depois : «Não porque se torne imperioso lembrar o que toda a gente não pode deixar de saber e não porque seja preciso romper com qualquer segredo de Polichinelo, mas unicamente para exercermos um direito que há 25 anos nos estava vedado, permitam-nos os amigos e companheiros presentes que, pela voz de um comunista de há 25 anos que é um comunista de hoje, evoquemos a grande contribuição do PCP e dos comunistas portugueses para a preparação, realização, conteúdo político e êxito do 3º Congresso das Oposição Democrática e que, no quadro dessa evocação, sejam também abrangidos os dirigentes e quadros clandestinos do PCP que, a justo título, têm de ser considerados entre os principais obreiros do Congresso que agora celebramos».
Depois de ter salientado um importante conjunto de orientações e concepções aprovadas no 3º Congresso e que se viriam a revelar decisivas no período final de luta contra a ditadura, Vítor Dias lembrou que « há 25 anos, o mais importante não era prever a data em que o objectivo do derrube da ditadura seria alcançado; o mais importante era a determinação que nos animava na realização desse objectivo, a comum vontade e empenho de trilhar os caminhos que lá nos conduzissem». E acrescentou depois : «Compreenda-se por isso que também hoje possamos dizer, em relação a outras aspirações e objectivos, que para muitos de nós o mais importante não seja a previsão do momento em que se concretizarão, mas sim os valores e convicções profundas que os sustentam e inspiram, a coerência entre palavras e actos, uma inabalável confiança na acção transformadora dos homens e dos povos para a livre construção dos seus próprios destinos».
Vítor Dias terminaria a sua intervenção sublinhando que «se é verdade que em 25 anos muita coisa mudou, queremos entretanto acreditar que, no presente e no futuro, continuarão a não faltar causas e valores em que nos podemos fraternamente encontrar. A bem daquele mundo melhor que a prestigiada figura de democrata e de intelectual comunista que foi Mário Sacramento nos pediu para fazermos.»
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3º Congresso de Aveiro
evocado na INTERNET
Relembramos aqui que o PCP colocou na sua página na WEB (http://www.pcp.pt), desde 1 de Abril passado, um vasto conjunto de elementos informativos sobre o 3º Congresso da Oposição Democrática e o quadro político em que este se realizou.